A mensagem das andorinhas portuguesas de Rafael Bordalo Pinheiro
A andorinha é uma ave migratória, que possui um único parceiro ao longo da vida e que quando regressa a um determinado lugar procura construir o seu ninho sempre no mesmo sítio.
Rafael Bordalo Pinheiro, em meados de 1891, iniciou na sua fábrica a produção de pequenas andorinhas em cerâmica que ele próprio desenhara, símbolo conotado com valores como Lar, Família, mas sobretudo, Amor, Lealdade e Fidelidade.
Uma peça que rapidamente integrou e povoou o artesanato e imaginário popular português.
Se há algo que domina e predomina na cultura portuguesa é o Amor, esse estranho e inexplicável sentimento descrito magistralmente por Luís Vaz de Camões:
Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É cuidar que se ganha em se perder;É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
A cultura popular, pródiga na sua sublime forma de expressar o inexpressível, exterioriza esta realidade de um modo tão genuíno.
Vulgariza-se a troca de andorinhas cerâmicas entre os amantes, usadas não só como gesto de amor ou troca simbólica, mas também como uma espécie de amuleto de harmonia, felicidade e prosperidade no lar e no seio da sempre sagrada família.
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