ASCENSORES DE LISBOA SÃO MONUMENTOS NACIONAIS

Com o dealbar do século XIX, Lisboa viu crescer o seu perímetro urbano e o número de habitantes, o que trouxe a necessidade de melhorar e modernizar a rede de transportes que servia a capital. 

Processo que implicava pensar na forma de ultrapassar as limitações que a topografia da cidade apresentava, nomeadamente as suas colinas. 

Assim, neste contexto que surgem as propostas pioneiras do engenheiro Raul Mesnier du Ponsard, que no último quartel de Oitocentos dotou a capital de nove ascensores. 




O primeiro a ser construído foi o Ascensor do Lavra, que liga o Largo da Anunciada à Travessa do Forno do Torel, subindo a Calçada do Lavra. 





A autorização para a edificação do elevador foi concedida em 1882 pela câmara municipal à Companhia dos Ascensores Mecânicos de Lisboa, e no ano de 1884 o primeiro ascensor lisboeta era inaugurado.



Hoje classificado como MN - Monumento Nacional, pelo Decreto n.º 5/2002, DR, I Série-B. n.º 42, de 19-02-2002 (ver Decreto) 



Inicialmente, funcionava por cremalheira e por contrapeso de água, e em 1885 foi experimentado um sistema a vapor para a ascensão. 




No topo do percurso, mantém o pequeno cais de embarque suportado por estrutura de ferro forjado, com dupla escadaria em pedra e plataformas de acesso aos elevadores. As paredes são revestidas por lambril de azulejos.




No ano de 1897 a quebra do cabo que ligava os dois carros provocou a inutilização do ascensor, que se prolongaria por vários anos.

Em 1915, o elevador foi totalmente electrificado, retomando a actividade; desde então, o elevador só deixou de funcionar em 2006, por haver o perigo de derrocada de um edifício na Calçada do Lavra.

Foi reaberto em Fevereiro de 2007. 


O segundo foi o ascensor da Glória, inaugurado, com toda a pompa e circunstância, a 24 de Outubro de 1885.



Também, hoje,  classificado como MN - Monumento Nacional, pelo Decreto n.º 31-F/2012, DR, 1.ª série, n.º 252 (suplemento), de 31-12-2012 (ampliação) (ver Decreto).



Obra do engenheiro portuense, de origem francesa, Raoul Mesnier du Ponsard (1848-1914), amplamente conhecido pela construção de outros elevadores em Lisboa, assim como de funiculares em vários pontos do país, foi planeada para estabelecer a ligação entre a Avenida da Liberdade e a Rua de S. Pedro de Alcântara, um dos miradouros de excelência da cidade.





Os carros então utilizados divergiam de tudo quanto a população lisboeta conhecera até então, contribuindo, assim, para a afirmação do seu crescente carácter cosmopolita que a deveria aproximar do quotidiano das principais capitais europeias.


 



Além de possuir dois pisos, uma das particularidades únicas do ascensor residia no facto de os dois longos bancos corridos colocados em cada um deles se encontrarem, de costas voltadas para a rua, no registo inferior, e de frente para a rua, no superior (ao qual se acedia por escada em caracol situada na plataforma), possibilitando, deste modo, a quem o utilizasse, uma maior opção de visão relativamente à paisagem envolvente, ao mesmo tempo que proporcionava um tipo de contacto social assaz diferenciado.



Quanto ao mecanismo de funcionamento, ele consistia no sistema de cremalheira e cabo por contrapeso de água, ou seja, os dois carros, interligados por cabos, continham reservatórios de água que se esvaziavam assim que chegavam aos Restauradores, para serem enchidos na Rua da Misericórdia.



Uma especificidade que condicionava o seu andamento com maior frequência do que a, certamente, desejada pelos seus utilizadores, uma vez que os constantes cortes no abastecimento de água em Lisboa obrigavam à sua interrupção.


Foi, precisamente, este contratempo que motivou a substituição do sistema original, optando-se por comprar à reconhecida firma alemã Maschinenfabrick(Esslingen) uma máquina a vapor para movimentação do cabo, até que, em 1912, em plena I República, o novo contrato de concessão do elevador com a autarquia permitiu a electrificação da linha - inaugurada três anos depois -, após firmar acordo com a Lisbon Electric Tramways Limited.




A NCAML (vide supra) foi, entretanto, dissolvida em 1926, transferindo-se, então, a exploração do ascensor para a companhia 'Carris', construindo-se, desde logo, um abrigo para o carro e passageiros junto aos Restauradores, ainda que fosse retirado logo em 1934 em resultado das crescentes críticas negativas que mereceu por parte de um amplo sector da opinião pública, mantendo-se, no entanto, a nova cor escolhida, isto é o amarelo (o "amarelo da Carris").


Na actualidade, o ascensor é constituído por dois carros que sobem e descem alternada e simultaneamente ao longo de duas vias paralelas de carris de ferro, assim como por uma cabina tricompartimentada distribuída pelas áreas de condução, propriamente ditas, e a do público, na zona central do corpo, onde se encontram dois bancos fronteiros e corridos.






Neste rol de classificações, fica em terceiro lugar o Ascensor da Bica, inaugurado em 1888,  projectado para ligar a Rua de São Paulo ao Largo do Calhariz,




Classificado como MN - Monumento Nacional, pelo Decreto n.º 5/2002, DR, I Série-B. n.º 42, de 19-02-2002 (ver Decreto) .

Na zona interior de circulação das viaturas, observa-se todo um lambril revestido com azulejos. 


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