INTERIORES LOJAS DE LISBOA - LOJAS HISTÓRICAS E TRADICIONAIS DE LISBOA III

A cidade é um organismo vivo, que cresce e se transforma consoante as necessidades dos seus habitantes. 

Antes do cataclismo de 1755, Lisboa era uma cidade insalubre, confusa, fruto de várias camadas urbanísticas orgânicas de raiz medieval. 

O terramoto apresentou-se como uma oportunidade única para a renovação da cidade.

Na reconstrução, novas técnicas de construção foram empregues, respondendo aos medos e às necessidades que surgiam. 


Os interiores da segunda metade de setecentos reflectem o gosto da época, onde os principais elementos decorativos são os lambris de azulejos (geralmente de padrão, mas também figurativos, em casos particulares), as guarnições dos vãos (recortadas ao nível da verga), as pinturas murais e os tectos de madeira (com pranchas sobrepostas cercadas por molduras). 





Um dos belíssimos exemplos aplicados ao comércio pode ser apreciado na Tabacaria Mónaco – Praça D.Pedro IV, 6.




Fundada em 1875 por João César Vieira da Cruz, a Tabacaria Mónaco era um dos locais de eleição das personalidades da época. O interior que se preserva actualmente data de 1894, ano em que a tabacaria foi ampliada, passando de um cubículo inicial para o espaço profundo actual, da autoria do arquitecto Rosendo Carvalheira. Por esta ocasião foram também instalados os vários painéis de azulejos que ladeiam a porta de entrada e revestem parte do interior, da autoria do famoso pintor e caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro. 





Destaque para os painéis figurativos com cegonhas e rãs retratando hábitos humanos (a fumar cigarros e cachimbo, a cheirar rapé, a ler o Século e o Diário de Notícias) e para os azulejos relevo com padrão de rãs e nenúfares no interior dos nichos. A decoração realista afirma-se nos cabos telefónicos onde poisam andorinhas e repete-se na pintura decorativa da abóbada de berço, da autoria de António Ramalho. Frederico Augusto Ribeiro concebeu o mobiliário e Pedro dos Reis, a escultura.





A importância da conservação dos interiores da Baixa Pombalina, Tiago Costa Luís, U.P. Baixa-Chiado – CML, pp. 53-58.

Reabilitação Urbana, Baixa Pombalina: bases para uma intervenção de salvaguarda, Câmara Municipal de Lisboa, Licenciamento Urbanístico e Reabilitação Urbana, Colecção de Estudos Urbanos – Lisboa XXI – 6, Lisboa, 2005.

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