DESCOBRIR A CERCA VELHA DE LISBOA
No Sábado, dia 18 de Abril às 10h00, saia de casa e vá à descoberta da Cerca Velha da Cidade de Lisboa, conhecida por Cerca Moura.
Para isso basta inscrever-se através do telefone 218 172 180 ou email centro.arqueologia@cm-lisboa.pt.
No ano de 1147, quando atracaram no porto de Lisboa, cerca de cento e
sessenta navios, os quais transportavam homens de diversas nacionalidades,
costumes e línguas, com o objectivo único, de acudir ao pedido de ajuda, feito
por D. Afonso Henriques,
“Lisboa era uma
cidade populosa, rica e forte.
Edificada à beira
dum vasto porto, estava indicada
naturalmente como ponto de escala para o comércio entre o Mediterrâneo e o ocidente da Europa.”
À sua chegada, o espaço urbano da cidade, com pouco mais de 15 ha, era composto
por um Castelo com várias torres e portas, situado a cerca de 95 metros de
altitude, pela alcáçova e pelo burgo, tudo
reunido dentro de muralhas.
Numa amálgama de ruas e ruelas, a cidade
revela-se organizada no meio da aparente desorganização, onde coabitam casas,
lojas, oficinas, igrejas, praças, portos, etc. A cidade mostrava-se, sempre,
bastante activa, com predominante papel para as actividades artesanais e
comerciais, não alheias à economia rural que servia de sustento a uma economia
de consumo.
Dos relatos da cidade, concorriam com a sua
situação geográfica, a fertilidade dos solos, comparados aos melhores, os quais
forneciam em abundância cereais, frutos, azeite, vinho e tudo o mais que nele
se semeasse. Com proveniência do rio e mar, era a cidade abastecida de
abundância de peixe e de sal. Havia comércio, ouro e prata a circular na
cidade.
Desenganados pelo inimigo, da facilidade de
conquista da cidade, tomaram, os Cruzados, posse dos arrabaldes a oriente e a
ocidente, onde foram encontrar cavernas abertas nas encostas dos montes,
repletas de alimentos armazenados.
As vicisstudes de uma guerra de cerco ditaram
a necessidade de erguer uma enfermaria para socorrer os feridos e um cemitério
para, piedosamente, sepultar os mortos em combate. Para o efeito, foram
mandadas construir duas capelas com cemitérios adjacentes: uma a oriente outra
a ocidente, locais onde os exércitos cristãos montaram acampamento, fora e em torno
da sua cerca.
Da parte ocidental, ficaram os ingleses e
normandos e da parte oriental, os alemães e flamengos, juntamente com D. Afonso
Henriques. Ainda no decurso do cerco terá D. Afonso Henriques feito voto, a São
Vicente, de mandar edificar uma igreja e mosteiro em sua homenagem nesse local,
caso ganhasse a cidade ao inimigo.
No dia 21 de
Outubro do ano de 1147, renderam-se os Mouros aos Cristãos, em cumprimento da promessa, terá sido
lançada a primeira pedra, precisamente, um mês depois, conforme relata a “Crónica da Ordem dos Cónegos Regrantes do
Patriarca S. Agostinho”:
“Do que temos dito se colhe, que o sítio do
Mosteiro de S. Vicente foi o lugar em que El-Rey D. Affonso Henriquez teve o
seu arrayal, quando cercou Lisboa pêra a parte do Oriente da mesma Cidade no
mais alto do bairro de Alfama fora dos muros velhos, que por esta razão
conserva ainda o nome de S. Vicente de fora, sendo que está de dentro dos muros
novos que fez El-Rey D. Fernando. Tambem se colhe, que teve este Mosteiro seu
principio na Capella de N. Senhora da Enfermaria, & cemitério que se sagrou
no dito lugar pêra enterro dos que morrião no cerco da dita Cidade, &
finalmente que a ocasião de se fundar foi o voto que o dito Rey fez (…)”
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