LOJAS HISTÓRICAS E TRADICIONAIS DE LISBOA I
A utilização dos pisos térreos de edifícios habitacionais
como espaço comerciais e casas de repasto remonta à Antiguidade.
Contudo, é a
partir da sociedade burguesa que se regista a transformação de muitos dos pisos
térreos, cujos simples vãos de porta e janela vão dar origem a amplas montras
expositivas, por vezes com elaboradas devantures
de madeira ou ferro fundido trabalhados.
As soluções técnicas e decorativas no novo material, ou com
a tradicional madeira, vão alterar profundamente a ambiência urbana de uma
sociedade que se quer dar a ver. Mesmo os quarteirões mais populares vão
conhecer o rasgar de montras e vitrinas.
Rua Augusta - (1919) Foto de Joshua Benoliel (A "Nova Sapataria da Moda" na "RUA AUGUSTA" esquina com a "Rua de S. Nicolau" in AFML
Rua Augusta, 195 e 197 - (início do século XX) Foto de Joshua Benoliel (A "Camisaria PITTA" na "RUA AUGUSTA" no início do século XX) in AFML
Muitas dessas montras e interiores de estabelecimentos
comerciais e outros, caso de farmácias e similares de hotelaria, forma já
sacrificadas em nome do progresso. Por isso há que refrear esta tendência,
impedindo a destruição destes espaços únicos.
Futuras intervenções contemporâneas não ficam arredadas de
figurar nos estabelecimentos como marca do tempo presente. Tal como o
preconizado para a construção nova, é tudo uma questão de saber integrar o
espírito do lugar. Isto é, eventuais reformulações de pisos térreos deverão ser
de continuidade na diferença. Esta subtileza obrigará certamente a um esforço
conceptual mais atento, e por isso mesmo mais fecundo.
Exemplos de um passado recente há que parecerão demasiado
impositivos ou, até, excessivos, mas que valerá a pena preservar. Como não se
pode continuar a avaliar este tipo de intervenções pela subjectividade do
gosto, há, de facto, que aferir da sua qualidade ímpar.
Conservação e Reabilitação Urbana, Uma Nova Cultura de
Cidade, Edição da Direcção Municipal de Conservação e Reabilitação Urbana,
Pelouro do Licenciamento Urbanístico e Reabilitação Urbana, CML, Lisboa, 2005,
p.138.
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