Quando o MODERNISMO chega às fachadas dos estabelecimentos comerciais de Lisboa - LOJAS HISTÓRICAS E TRADICIONAIS DE LISBOA - IV.
Surgindo como oposição aos
elaborados motivos decorativos oitocentistas e de início do século XX, o
movimento moderno prende-se ao conceito de progresso e inovação.
Entre os anos
1920 e 1970, Lisboa desenvolve-se para norte, a partir da Avenida da Liberdade
(aprovada em 1904), das Avenidas Novas e bairros adjacentes e do Bairro de
Alvalade (projecto de 1946), entre outros eixos de expansão que permitiram a
aplicação prática dos modelos modernistas na malha urbana.
Os anos 1920 e 1930 foram
marcados pelo estilo Art Déco, de
origem francesa, caracterizado pelas suas formas geométricas.
A generalização
da energia eléctrica permitia inovadoras aplicações decorativas.
Em 1932, a
Grande Exposição Industrial Portuguesa oficializou o gosto modernista numa
decoração despojada e racionalista.
Em 1933, com o Estado Novo, a
arte passa a assumir um papel fundamental na propaganda do Estado,
confirmando-se na Exposição do Mundo Português em 1940, que aplicou aos modelos
modernistas uma simbólica de carácter historicista.
Os anos 1940 foram também
marcados por um gosto popular e tradicionalista, assim como pela reutilização
de materiais esquecidos, como o azulejo e o ferro forjado, entre outros.
Só no final da década de 50 se começou
a pôr de parte a decoração historicista e tradicionalista estilizada, para
finalmente se impor um estilo verdadeiramente moderno, despojado de ornato.
Os anos 1960 e 1970 forma
marcados pelo design industrial, mais funcional, que procurava optimizar as
peças em detrimento da decoração.
Café Nicola – Praça D. pedro IV,
24-26
O actual interior do famoso Café
Nicola, fundado em 1929 no local do antigo botequim frequentado pelo poeta
Bocage, data de 1935. Com projecto do arquitecto Raul Tojal, constitui um dos
espaços Art Déco mais marcantes desta
área da cidade. Do antigo Nicola de 1929 apenas resta a entrada principal,
riscada por Norte Júnior.
Integrando elementos decorativos caracteristicamente
de uma Art Déco tardia, mais
geométrica (painéis de vidro e espelho, lustres e apliques em aço, balcões em
cantaria), assim como as telas assinadas por Fernando Santos (1935), o café
mantém a estátua de Bocage, da autoria de Marcelino Norte d’Almeida (1929), bem
como o mobiliário de 1935.
Casa Havaneza – Largo do Chiado,
25
Marco histórico da vida social do
Chiado e uma das melhores tabacarias lisboetas, a Casa Havaneza, fundada em
1865 por Ernesto Empis (da firma Henry Burnay & Cia.), sofreu várias
intervenções ao longo dos anos. A casa, que inicialmente utilizava apenas uma
porta, passou a ocupar os números 24 a 29 do Largo do Chiado e os números 2 a 8
da Rua Nova da Trindade.
Em 1960 viu a sua área reduzida
com a instalação de uma agência bancária em parte do espaço, sendo novamente
remodelada com projecto de António Azevedo Gomes e Francis Jules Léon. Nessa
ocasião foram colocados dois painéis decorativos de bartolomeu Cid dos Santos e
uma grade ornamental de Jorge Vieira. O actual projecto data de 1970-71 sendo
da autoria dos arquitectos Alexandre Carvalho e Nuno Corte-Real.
Esta loja conta com uma
vasta escolha de charutos e de cigarrilhas, acessórios para
tabaco, é especializada em prendas e artigos de prestigio
como canetas, artigos de secretária. Um estabelecimento de
classe, para uma clientela seleccionada. Teve o 1º posto de telegrafo publico do Chiado.
A importância da conservação dos interiores da Baixa Pombalina, Tiago Costa Luís, U.P. Baixa-Chiado – CML, pp. 59-62..
Reabilitação Urbana, Baixa Pombalina: bases para uma intervenção de salvaguarda, Câmara Municipal de Lisboa, Licenciamento Urbanístico e Reabilitação Urbana, Colecção de Estudos Urbanos – Lisboa XXI – 6, Lisboa, 2005.
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