Azul Sobre Ouro. A Sala das Porcelanas do Palácio de Santos

AZUL SOBRE OURO






Única no mundo, a coleção de pratos de porcelana chinesa, da Sala das Porcelanas do Palácio de Santos, está em exposição no Museu de Arte Antiga até dia 24 de Maio.

No primeiro Domingo de cada mês a entrada é grátis, portanto só já tem um Domingo para aproveitar esta fabulosa oportunidade.

De que é que está á espera?





Até ao dia 24 de Maio pode observar de perto parte da singular coleção de pratos de porcelana chinesa, alguns com mais de 500 anos, depois dessa data só os voltará a ver a 7m de altura.
A coleção pertence ao antigo Palácio de Santos, hoje, Embaixada de França


De Capela a Palácio

O nome refere duas irmãs, Máxima e Júlia e o seu irmão Veríssimo, martirizados durante o reinado de Diocleciano e cujos corpos, atirados à água, foram encontrados nesta margem do rio. Aí foram enterrados e a sua sepultura esteve na origem de uma pequena capela. O local tomou para sempre a designação de Santos.

Durante o domínio dos Visigodos, foi erguido um templo em memória dos três mártires. O templo terá sido destruído durante a invasão dos Mouros. Mas o rei, D. Afonso I, depois da reconquista de Lisboa em 1147, mandou edificar sobre essas ruínas uma igreja consagrada aos três santos.

Em 1194, o rei D. Sancho lega a igreja à Ordem de Santiago de Espada. À medida que a frente da reconquista se deslocava para o Sul, os cavaleiros da Ordem transferiam a sua sede para outro lado.

O convento de Santos ficou então reservado às viúvas e às filhas dos cavaleiros.

A 5 de Setembro de 1490, as comendadeiras, levando consigo as relíquias dos três santos mártires, mudaram-se para um novo convento denominado Santos-o-Novo. 

O antigo mosteiro passou, então, a chamar-se Santos-o-Velho e foi alugado a Fernão Lourenço.

De residência real a palácio aristocrático

Em 1497, D. Manuel I, o Afortunado (rei de 1495 a 1521), acordou com Fernão Lourenço a cedência do contrato; A rica habitação burguesa foi transformada em residência real. 

O monarca utilizou o Palácio de Santos-o-Velho para as cerimónias do seu casamento com Dona Isabel, filha dos Reis Católicos de Espanha.

O Palácio de Santos foi adquirindo uma função recreativa dada a sua situação arejada, a sua vista panorâmica e os seus jardins abrigados.

Mais tarde o palácio atravessou um período obscuro. É nessa altura que se encontram as primeiras referências da sua ocupação pelos Lancastre (Luís de Lancastre (1505-1574), Comendador da Ordem d’Aviz.

Em 1577, o Palácio de Santos é o teatro de uma cena histórica: o rei recebe a notificação do seu ministro contra a campanha, na África do Norte, que ele estava a preparar. A 25 de Junho de 1578, o rei D. Sebastião parte de Lisboa para Marrocos. Na véspera, assiste à Missa na Igreja de Santos-o-Velho e diz-se ter tomado a sua última refeição no Palácio, na mesa de mármore que se encontra no actual jardim.
Depois desta perda, os Lancastre instalaram-se novamente no Palácio de Santos que se encontrava num estado lastimável.

De palácio aristocrático a Embaixada de França

É durante a segunda metade do século XVII e a primeira metade do século XVIII que os Lancastre confiaram a João Antunes o cuidado de dotar o Palácio dos mais notáveis embelezamentos.

É a Dom José Luís, Conde de Figueiró, possuidor de uma das maiores fortunas portuguesas, e à sua mulher, Dona Filipa de Vilhena, senhora de alta linhagem e muito prestígio, que o Palácio deve a iniciativa destas grandes obras.

Em 1870, por morte de José de Lancastre e Távora (irmão de Pedro), o Palácio é alugado ao Ministro de França em Lisboa, o Conde Armand, que aí instala a legação. A 14 de Agosto de 1909, Saint-René Taillandier, Ministro de França, compra-lhe o Palácio em nome do Governo Francês. Terminam, assim, mais de trezentos anos de vida comum entre o Palácio de Santos e a família de Lancastre.








Escolher os 58 exemplares para a exposição no Museu de Arte Antiga foi uma tarefa árdua, mas gratificante, que dá a possibilidade de observar com maior pormenor tão esplendorosas obras de arte.
Rui Trindade, conservador das colecções de cerâmica do MNAA, assegura que a ideia principal é a de fazer uma viagem cronológica pela cerâmica chinesa, em especial a da dinastia Ming (1368-1644), explorando a sua relação com a expansão portuguesa e com a primeira globalização deste tipo de peças.
Numa reportagem ao Público Rui Trindade afirma “Trata-se de uma colecção única no mundo, sobretudo azul e branca, e que nos ajuda também a contar um pouco da história dos Descobrimentos”.


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